Muito além de uma atividade para os dias frios, o tricô é uma forma de arte milenar que atravessa gerações, culturas e estilos. Desde os tempos antigos, registros históricos indicam que técnicas semelhantes ao tricô já eram usadas por povos do Egito e do Oriente Médio há mais de mil anos, evoluindo com o tempo até se transformar no que conhecemos hoje. Na Idade Média, por exemplo, o tricô era uma prática valorizada e, curiosamente, exercida principalmente por homens em algumas regiões da Europa.
Hoje em dia, o tricô vive um verdadeiro renascimento. Ele deixou de ser visto como algo “de antigamente” e ganhou espaço em ateliês modernos, nas redes sociais com vídeos tutoriais viralizando no TikTok e YouTube, até nas passarelas de grandes marcas da moda, que apostam na estética handmade como um símbolo de autenticidade e cuidado.✨
Além disso, atividades artesanais se tornaram uma forma acessível de autocuidado: diversos estudos apontam seus benefícios para a saúde mental, ajudando a reduzir o estresse, a ansiedade e até sintomas de depressão. O melhor de tudo é que ele pode ser aprendido em qualquer idade, com materiais simples e um pouquinho de prática.
Por isso, seja como terapia, passatempo ou profissão, o tricô tem conquistado cada vez mais mãos criativas — e também empreendedoras. Muitas artesãs e artesãos transformaram essa técnica em fonte de renda e expressão artística. Neste artigo, vamos mergulhar fundo nesse universo: entender o que é o tricô, como ele funciona, tipos de agulha, quais são os principais pontos, os tipos de técnicas existentes e as inúmeras peças que você pode criar com essa técnica encantadora.
O que é o tricô? E como ele funciona?
O tricô é uma técnica de entrelaçamento de fios feita geralmente com duas agulhas (embora existam variações) para formar uma malha elástica e contínua. Inicialmente, cada ponto nasce quando fazemos uma laçada com o fio e a apoiamos sobre a agulha. A mágica do tricô, portanto, acontece justamente porque construímos toda a estrutura ponto a ponto, linha por linha, repetindo movimentos que, além de funcionais, também proporcionam um efeito terapêutico e meditativo.
Ao contrário de outras técnicas têxteis, como o crochê, o tricô mantém a peça “ativa” nas agulhas durante todo o processo. Isso significa que os pontos ficam abertos até serem fechados ou arrematados, o que exige atenção, mas também proporciona flexibilidade e elasticidade únicas ao tecido. Além disso, o tricô permite a criação de tecidos bidimensionais ou tubulares, dependendo do tipo de agulha e da técnica utilizada.
Outro fator importante é que os pontos se comportam de maneira diferente conforme o tipo de fio utilizado. Por exemplo, fios mais grossos geram peças volumosas e rápidas de tecer, enquanto fios mais finos permitem detalhes delicados e texturas mais definidas. Da mesma forma, a escolha da agulha também influencia o resultado: agulhas grossas criam pontos maiores e mais soltos, enquanto agulhas finas deixam o ponto mais fechado e firme.
Quais são os principais pontos?
Agora que você já tem uma visão geral do tricô e de como ele funciona, é hora de conhecer os principais pontos dessa técnica. Eles formam a base de tudo o que se pode criar, desde modelos simples até os mais elaborados. Compreendê-los é essencial, pois são a fundação sobre a qual qualquer peça é construída. E, com a prática, seus movimentos se tornam quase automáticos. 🧶
Vamos começar pelos dois pontos mais usados:
- Ponto meia (ou ponto direito): é o mais clássico. Forma o lado “liso” da peça e dá o visual tradicional do tricô. A agulha é inserida da esquerda para a direita na frente do ponto, puxando uma nova laçada.
- Ponto tricô (ou ponto avesso): funciona como o reverso do ponto meia. Cria a textura “ondulada” do trabalho. A agulha entra por trás do ponto, e a laçada é feita na parte de trás do fio.
A partir desses dois pontos, surgem inúmeras variações. Veja alguns exemplos:
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Cordões de tricô: todas as carreiras em ponto tricô, ótimo para iniciantes.
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Ponto arroz simples: alterna meia e tricô, invertendo a ordem a cada carreira.
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Ponto barra: combina meia e tricô na mesma carreira, criando elasticidade.
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Ponto jacquard: usa fios de cores diferentes para formar desenhos.
Além desses, existem centenas de outros pontos catalogados e novas criações surgem o tempo todo. Agora que você já tem uma compreensão básica dos pontos do tricô, é importante entender que o processo de tricotar vai além da confecção dos ponto. Na verdade, o tricô envolve diferentes formas de execução, que variam de acordo com o tipo de agulha que você usa e com a maneira como conduz o trabalho. Essas variações influenciam diretamente o estilo da peça, o tempo de execução e até o acabamento final.
Técnicas diferentes do Tricô
Além das peças, o tricô apresenta diversos estilos que podem variar tanto pelas ferramentas quanto pela técnica de execução. Veja alguns exemplos:
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Tricô reto (ou plano): feito com duas agulhas tradicionais. Ideal para peças planas, como mantas e cachecóis. Depois de pronto, é preciso costurar partes para montar a peça (como mangas de uma blusa).
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Tricô circular: feito com agulhas circulares ou de duas pontas. Ele permite tecer tubos contínuos sem costura — perfeito para gorros, meias e blusas sem costura lateral. É mais rápido e uniforme.
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Tricô continental x inglês: são dois estilos de segurar o fio. No estilo continental, você segura o fio com a mão esquerda e tricota mais rápido — por isso, quem também faz crochê costuma preferir essa técnica. Já no estilo inglês, você segura o fio com a mão direita, como é mais comum entre as tricoteiras brasileiras.
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Tricô de braço ou dedo: técnica divertida e moderna, onde os braços ou os dedos substituem as agulhas. Ideal para mantas grandes e de efeito visual impactante.
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Tricô modular: criação de peças em blocos que depois são unidos, como um patchwork de tricô.
O mais interessante é que todas essas variações estão ao alcance de qualquer pessoa, basta praticar, se permitir errar e continuar tentando. No tricô, desfazer pontos faz parte do processo, e cada erro é uma chance de aprender algo novo. Essa liberdade torna o aprendizado mais leve e, ao mesmo tempo, muito rico.
E é justamente esse domínio gradual das técnicas que abre as portas para um mundo de possibilidades criativas.
Peças que você pode criar e as diferentes técnicas de tricô 🧶🧣🧤
Assim que você se familiariza com os pontos e ganha confiança na prática, o tricô, então, se transforma em uma ferramenta poderosa de expressão. Você pode criar desde peças simples do dia a dia até trabalhos sofisticados e cheios de personalidade usando os mesmos pontos básicos. Entre as peças mais comuns e queridinhas das artesãs estão:
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Cachecóis e golas: projetos perfeitos para iniciantes. Simples, retos e com margem para erro.
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Gorros e toucas: ideais para aprender a trabalhar em formato tubular ou com agulhas circulares.
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Blusas, suéteres e cardigãs: exigem um pouco mais de prática, mas são ótimos para quem já domina aumentos, diminuições e montagem de partes.
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Meias e luvas: técnicas avançadas com foco em tricô circular.
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Mantas, almofadas e tapetes: ótimos para trabalhar com pontos decorativos e explorar texturas.
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Bichinhos de tricô (knit toys): versões mais macias dos amigurumis, com formas fofas e cheias de detalhes.
✨ Conclusão
Em resumo, o tricô é muito mais do que uma técnica manual. Na verdade, é uma arte que, ao longo dos anos, se reinventa e oferece infinitas possibilidades de criação. Desde os pontos básicos até as técnicas mais complexas, a prática do tricô proporciona não apenas satisfação pessoal, mas também um espaço para expressar criatividade e, quem sabe, até gerar renda. Além disso, como vimos, há um mundo de opções à sua disposição, seja você iniciante ou experiente.
Se você ficou curioso sobre como o tricô pode se tornar uma fonte de renda ou se continua sendo apenas um hobby, então convidamos você a conferir nosso artigo Tricô: Fonte de Renda ou Hobby?. Neste artigo, vamos explorar juntos se é possível transformar o tricô em fonte de renda.